Ao contrário da “calmaria” que dominou a questão da reforma desde que o governo concordou em recuar a votação, na terça-feira, do relatório da Comissão de Constituição e Justiça, a situação não é de tranquilidade.
Não há acordo ainda sobre o que vai ser retirado do projeto já nesta primeira fase e, neste sentido, foi muito ruim a entrevista de Paulo Guedes dando de ombros para a retirada de quatro pontos, ao menos os noticiados, do texto.
Se o próprio ministro diz que é pouco, o parlamento sabe que pode pedir mais.
Como a próxima sessão da CCJ é na tarde de terça-feira, é quase impossível que seja votada no mesmo dia. Ao contrário, a sessão promete ser tumultuada, com o relator e o presidente sendo cobrados por fazerem os procedimentos de votação seguirem mesmo sabendo que estava sendo negociado, fora da comissão, um acordo.
O que, a rigor, significa de colocar todos os membros da comissão presentes no papel de bobos, até porque exigia-se ate um atropelo da pauta, eliminando até mesmo a formalidade da leitura da pauta para que a PEC entrasse logo em votação.
A própria posição do relator fica muito comprometida, uma vez que aceitou ordens para retirar alguns pontos, enquanto o presidente da Comissão proibia os deputados até de apresentarem emendas.
Aliás, Francischini virou vidraça: a Veja diz que ele está pedindo a nomeação da mãe, Flávia, como diretora jurídica da Itaipu Binacional. Mamãe é, desde fevereiro, assessora da Celepar, empresa de TI do governo paranaense, em cargo de confiança, como era no governo Beto Richo, quando tinha cargo no Detran/PR.
A reforma de Bolsonaro completa, amanhã, dois meses desde que foi levada à Câmara e nem cumpriu o primeiro e mais fácil passo, o de ter sua admissibilidade reconhecida na CCJ, o que a proposta de Temer alcançou em oito dias.
Está evidente que o discurso de Rodrigo Maia de que será aprovada na casa no primeiro semestre é conversa para boi dormir.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)